- O Serramelense

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Henrique Alves: o PMDB está pronto para enfrentar desafios de ser governo ou não estar no governo

- Publicado por Robson Pires Deu no Estadão:
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), diz que seu partido disputou a eleição e saiu vitorioso, juntamente com a presidente Dilma Rousseff. Portanto, deve participar da gestão do governo, com a indicação de nomes para a administração. Mais do que cargos, diz ele, o partido quer encargos. O líder nega que a posição do PMDB a favor das mudanças no Código Florestal jamais teve qualquer ligação com a demora no governo em definir as nomeações de segundo e terceiro escalões. Henrique Alves lembra que na votação do salário mínimo de R$ 545, o PMDB foi o mais fiel de todos os partidos da base aliada. “Aquela era uma questão de governo, o Código não.”
Qual a relação entre o preenchimento de cargos do PMDB e a votação do partido a favor do novo Código Florestal?
Nenhuma. Quando se declara e se escreve que o PMDB votou o Código Florestal aparentemente contra o governo é uma brutal injustiça com o partido. O Código Florestal não envolve uma questão de governo. É uma questão de País. A votação do PMDB a favor do Código Florestal não foi uma reação do PMDB contra, como dizem, a uma suposta protelação do ex-ministro Antonio Palocci em atender pleitos do partido. Votamos porque o relator Aldo Rebelo nos convenceu plenamente de suas razões. Ele e o presidente da comissão especial, Moacyr Micheletto (PMDB-PR), percorreram 24 Estados, fizeram mais de 90 audiências públicas, ouviram a Embrapa, órgãos ambientais, representantes de produtores rurais, agricultores, pecuaristas. Foram ouvidos também de maneira responsável os representantes da questão ambiental.A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi muito ponderada. Foi capaz de articular e resolver muitas questões dadas como impossíveis. Chegamos a 98% de consenso. Um ou dois itens não foram consensuais, mas é normal numa matéria de tamanha complexidade.
Mas o governo ficou contrariado com o resultado…
Era um direito da Casa decidir e o meu partido quis decidir daquele jeito, porque foi o melhor para o Brasil que produz, que gera riquezas em absoluta convivência com o meio ambiente. Por isso o Brasil hoje tem dois títulos: o de que mais respeita o meio ambiente e o de que é um dos que mais produzem.
Se o partido é governo, os cargos não deveriam sair automaticamente, como saem para o PT?
O PMDB não aguenta mais essa colocação pejorativa que se faz com um partido de sua grandeza, história e tradição. É preciso compreender que o PMDB ganhou a eleição junto com a presidente Dilma e com os outros 14, 15 partidos que a apoiaram. Queremos é a cogestão, que é natural em todos os governos democráticos do mundo. O partido quer oferecer seus quadros para essa oportunidade, sabendo que quem decide é a presidente. Mas do direito de indicar o partido não abre mão. O partido não quer cargos, quer encargos para ajudar a Dilma.
E como serão esses encargos?
São parcerias e planos de trabalho para o Brasil e para a atuação no Congresso. Temos aí a emenda 29 (que regulamenta o repasse de recursos para a saúde) a ser regulamentada, vamos ter um problema que se arrasta em relação à PEC 300 (que unifica os salários das polícias militares em todos os Estados e provoca um rombo de cerca de R$ 32 bilhões no Tesouro da União), que tem uma dificuldade operacional em relação aos governos dos Estados. São exemplos de que temos de nos unir cada vez mais.
Como o PMDB se comportará?
 O PMDB está pronto, na sua unidade, na sua responsabilidade, para enfrentar todos os desafios de ser governo – e não estar no governo. De ter um vice-presidente muito consciente de seu papel. Queremos que respeitem o PMDB pela sua unidade, o que se constitui na sua grande força. O PMDB conseguiu, afinal, depois de erros, atropelos e dissidências, ser um partido unido e coeso, e com muita consciência de seus deveres com o País e de seus direitos de pleitear, reivindicar e construir um novo Brasil.

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